Resultado de imagem para Padre Gino Burresi

Arquivo do blogue

sábado, 29 de outubro de 2011

MENSAGEM DE MARIA SANTÍSSIMA EM PARIS, FRANÇA (1830)

 
 
"Minha filha, a cruz será tratada com desprezo, eles a derrubarão por terra e a calcarão aos pés".
— Maria Santíssima à Catarina Labouré, profetizando os trágicos acontecimentos que sobreviriam para a França e se desdobrariam para o mundo todo.
Uma das últimas coisas que se esperava em meio a fúria social sem precedentes da França revolucionária em 1830, era a repentina e estranha tendência a um retorno à Fé e à Igreja de Cristo.

A medalha milagrosa

Revolução francesa
Em meio a fúria social da França revolucionária, em 1830 ocorre uma repentina e estranha tendência a um retorno à Fé e à Igreja de Cristo
Esse retorno é mencionado na maioria dos livros da história, embora os historiadores evitem citar os motivos dessa nova eclosão de fé.
E a razão desse retorno à fé deu-se devido à circulação de uma medalha cunhada a partir de uma importante aparição de Maria Santíssima.
Em consequência das inumeráveis graças alcançadas tornou-se conhecida popularmente como “medalha milagrosa”. A essa devoção atribuiu-se milagres espantosos, conversões eloquentes, sobretudo, curas notáveis por ocasião da terrível epidemia de cólera, proveniente da Europa oriental, que atingira Paris entre março a julho de 1832.
Rapidamente e sem explicação, essa medalha passou a ser sinal de união entre os que a possuíam e a traziam consigo. Foi a medalha religiosa mais difundida de todos os tempos.

Com Seus pés virginais, a Mãe do Verbo esmaga a cabeça da infernal serpente

Nossa Senhora das Graças
Maria Santíssima com os braços estendidos, derramando graças, ao mesmo tempo esmaga, com Seus pés virginais, a cabeça da infernal serpente
Naquele momento tão conturbado e decisivo, que determinaria a história da França e, posteriormente de todo o mundo, a Medalha Milagrosa surgia como um sacramental repleto de riquíssimo simbolismo cristão.
Numa das faces da Medalha, vê-se Maria Santíssima com os braços estendidos, derramando Suas graças, simbolizadas por raios de luz sobre os fiéis. Ao mesmo tempo esmaga, com Seus pés virginais, a cabeça da infernal serpente. Em redor, emoldurando a Virgem, a oração "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós".
Na face oposta, figuram a letra M encimada pela Cruz, e abaixo os Sagrados Corações de Jesus e de Maria. Circundando esse conjunto, doze estrelas que aludem claramente a célebre passagem do Apocalipse:
"Uma mulher vestida de sol, e a luz debaixo de seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça" (Ap 12,1).
Convém refletirmos que, em plena apoteose anticlerical e exarcebado endeusamento da razão sobre a Fé, a Mãe do Verbo, em pessoa, vem revelar Sua identidade através de um pequeno objeto, uma medalha, destinada a todos sem distinção.
Desde os primeiros tempos da Igreja a identidade de Maria era objeto de controvérsia entre teólogos. Em 431, o Concílio de Éfeso tinha proclamado o primeiro dogma marial: Maria é mãe de Deus.
A partir de 1830, a invocação “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”, que sobe ao céu, milhares e milhares de vezes repetida por milhares e milhares de corações de cristãos do mundo inteiro, a pedido da própria Mãe de Deus, revela-se como claro e determinante desígnio do Céu em resposta ao voluntário afastamento do homem ocidental às suas milenares raízes cristãs.
A despeito de sua humanidade, mas sob o influxo do Espírito Santo, é fato histórico incontestável que o Ocidente vinha sendo cristianizado, até então, pelo esforço heróico e paciente da Igreja Católica. (Cf. 16.- O que realmente significa a expressão “idade das trevas”).

A Santíssima Virgem prenuncia graves calamidades que sobreviriam sobre a França e a Igreja

Catarina Labouré
Catarina Labouré, humilde instrumento de Maria Santíssima na França
Detalhes dessa aparição de Maria Santíssima e o conteúdo da mensagem permaneceram ocultos. O pleno reconhecimento deu-se algum tempo depois da morte da vidente, uma noviça chamada Catarina Labouré, em 1876 — 46 anos depois de ocorrida a aparição.
As profecias de Maria Santíssima feitas à Catarina Labouré, grande parte delas referentes à França de então, cumpriram-se à risca.
Entre essas profecias, a de que “graves calamidades” sobreviriam sobre a França e a Igreja, além de que a cruz seria outra vez “calcada aos pés” concretizaram-se quarenta anos depois.

"Desde agora, sereis Vós a minha Mãe!"

Catarina Laboure
Pediu à Virgem que substituísse a mãe que acabava de perder: "Desde agora, sereis Vós a minha Mãe!"
Mas para compreendemos os desígnios de Deus com essa grande intervenção celestial na história, além do contexto histórico político e social, convém conhecermos a infância e a formação de sua principal protagonista, Catarina Labouré, a quem a Mãe do Verbo revelou essa devoção.
Nascida em 1806, em Fain-les-Moutiers, província francesa da Borgonha, Catarina era filha de Pierre Labouré, dono de uma pequena propriedade rural. Sua mãe, Madeleine Gontard, pertencia a uma família distinta, relacionada com a nobreza da região.
Ainda era criança quando perdeu sua mãe aos 9 anos de idade. Imersa em grande desolação, a pequena subiu a um móvel que havia na casa, abraçou uma imagem de Nossa Senhora que lá se encontrava e, chorando, pediu à Virgem que substituísse a mãe que acabava de perder: "Desde agora, sereis Vós a minha Mãe!".
Como veremos a seguir, essa inocente consagração da pequena órfã obteve de Deus a graça de ganhar a predileção da Santíssima Virgem —a Mãe do Céu.

"Minha filha, agora tu foges de mim, mas um dia me procurarás. Deus tem seus desígnios sobre ti, nunca te esqueças disso"

Casa de Catarina Labouré
Entrada da propriedade rural em que Santa Catarina Labouré nasceu
Maria Luísa, irmã mais velha de Catarina, ingressou na Congreção das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo em 1817. Desde então, apesar de menina, Catarina assumia as responsabilidades da casa juntamente com Maria Antonieta, sua irmã dois anos mais nova.
Aos 18 anos teve um misterioso sonho que dizia respeito à sua vocação. Sonhou que estava na igrejinha de Fain-les-Mountiers assistindo a uma missa que era celebrada por um sacerdote idoso, com um olhar que lhe causava forte impressão. Concluída a celebração, o sacerdote a chamou. Temerosa, hesitou em aproximar, mas sentiu-se fascinada pelo extraordinário brilho daquele olhar.
Ainda nesse mesmo sonho, reencontrou-se com o bondoso sacerdote que lhe disse: "Minha filha, agora tu foges de mim, mas um dia me procurarás. Deus tem seus desígnios sobre ti, nunca te esqueças disso".
Catarina somente foi entender esse incompreensível sonho quando, algum tempo depois, viu um quadro de São Vicente de Paulo na residência das Filhas da Caridade de Châtillon-sur-Seine, aonde fora estudar. Na figura daquele quadro a jovem reconhecia o misterioso personagem que se lhe apresentara em sonho.

Primeiras visões sobrenaturais

São Vicente de Paulo
Viu um quadro de São Vicente de Paulo na residência das Filhas da Caridade de Châtillon-sur-Seine, aonde fora estudar. A jovem reconheceu nele o misterioso personagem que se lhe apresentara em sonho
Aos 23 anos de idade Catarina ingressava na Congregação das Filhas da Caridade, em Châtillon-sur-Seine, depois de uma longa resistência de seu pai. Em abril de 1830 transferia-se como noviça para uma casa da Congregação, localizada na Rue du Bac, em Paris.
Naqueles dias de sua chegada, um magnifício relicário de prata peregrinava com o corpo prodigiosamente conservado de S. Vicente de Paulo, que falecera 170 anos antes. Catarina estava presente na cerimônica realizada com a participação do Arcebispo de Paris, Mons. de Quélen, de oito Bispos e do próprio Rei Carolos X.
Foi então que poucos dias depois, Catarina teve suas primeiras visões sobrenaturais.
Ela mesma narra:
"O coração de São Vicente me apareceu três vezes de modo diferente, três dias seguidos: claro, cor de carne, o que anunciava paz, calma, inocência e união. Depois o vi vermelho cor de fogo, o que devia inflamar a caridade nos corações. Parecia-me que toda a comunidade devia se renovar e se estender até os confins do mundo. Por fim o vi vermelho-negro; o que me punha a tristeza no coração; vinham-me tristezas que eu tinha dificuldade em superar. Não sabia porque nem como, essa tristeza se relacionava com a mudança de governo".
Essa visão de Catarina que conclui com uma tristeza relacionada com a mudança de governo é extremamente interessante no contexto do nosso estudo, conforme veremos.

Estava claro para Catarina que a visão sobrenatural aludindo à queda do rei correspondia a uma vitória das forças do mal na conturbada França

Abade Aladel
Abade Aladel, diretor espiritual de Catarina
Ao revelar essas visões ao seu diretor espiritual, o cauteloso Pe. João Maria Aladel, recebeu dele o desencorajador conselho: "Não escuteis essas tentações. Uma Filha da Caridade foi feita para servir aos pobres, não para sonhar". Mais tarde, Catarina revelaria que durante o tempo de seu noviciado, ela tinha o privilégio de ver Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. Mas seu confessor a desestimulava sobre esses relatos, mantendo rígida postura sobre o que ele interpretava como suposta "ilusão". O que resultou em grande provação para a religiosa.
Catarina conta que numa dessas visões, "Nosso Senhor me apareceu como um Rei, com a cruz sobre o peito, no Santíssimo Sacramento. Foi durante a Santa Missa, no momento do Evangelho. Pareceu-me que a Cruz escorregava para os pés de Nosso Senhor. Pareceu-me que Nosso Senhor era despojado de todos os seus ornamentos. Tudo caiu por terra. Foi então que tive os mais negros e tristes pensamentos de que o Rei da Terra seria perdido [destronado] e despojado de suas vestes reais".
Essa visão ocorreu no dia da Santíssima Trindade, a 6 de junho de 1830, sete semanas antes de se inciarem as agitações que culminaram na deposição do Rei Carlos X. Estava claro para Catarina que a queda do rei correspondia a uma vitória das forças do mal na conturbada França de então. Seu confessor, mais uma vez, não deu importância ao aviso. Afinal, o trono de Carlos X parecia mais do que nunca consolidado. A Monarquia francesa acabara de conquistar a cidade de Argel, no Norte da África.

"Vejo um menino vestido de branco, de mais ou menos quatro a cinco anos, e ele me diz: Levantai-vos logo e vinde à Capela: a Santíssima Virgem vos espera!"

Aparição da Santíssima Virgem
O menino me conduziu ao presbitério, ao lado da cadeira de braços do Sr. Diretor. Ali me pus de joelhos, e o menino permaneceu de pé todo o tempo (...) Por fim, chegou a hora, o menino me advertiu: Eis a Santíssima Virgem"
A primeira vez que Catarina vê Maria Santíssima foi na noite de 18 para 19 de julho de 1830, festa de S. Vicente de Paulo. A comovente descrição dessa visão é relatada por ela com grande beleza e simplicidade:
"Haviam-nos distribuído um pedaço do roquete de linho de São Vicente. Eu cortei a metade e a engoli, e adormeci com o pensamento de que São Vicente me obteria a graça de ver a Santíssima Virgem.
"Afinal, às onze e meia da noite, ouvi me chamarem pelo nome: Irmã Labouré! Irmã Labouré! Acordando, olhei para o lado de onde vinha a voz, que era o lado da passagem. Corro a cortina e vejo um menino vestido de branco, de mais ou menos quatro a cinco anos, e ele me diz: Levantai-vos logo e vinde à Capela: a Santíssima Virgem vos espera! (...)
"Vesti-me depressa e me dirigi para o lado do menino, que tinha ficado de pé, sem avançar além da cabeceira de minha cama. Ele me seguiu, ou melhor, eu o segui, com ele sempre à minha esquerda, levando claridade pelos lugares onde passava. Por todos os lugares onde passávamos, as luzes estavam acesas, o que me espantava muito. Porém, muito mais surpresa fiquei quando entrei na Capela: a porta se abriu mal o menino a tocara com a ponta do dedo. Mas minha surpresa foi ainda maior quando vi todas as velas e castiçais acesos, o que me fazia lembrar a missa de meia-noite.
"Entretanto, não via a Santíssima Virgem. O menino me conduziu ao presbitério, ao lado da cadeira de braços do Sr. Diretor. Ali me pus de joelhos, e o menino permaneceu de pé todo o tempo (...) Por fim, chegou a hora, o menino me advertiu: Eis a Santíssima Virgem".

"Então, olhando para a Santíssima Virgem, dei um salto para junto dEla, pus-me de joelhos sobre os degraus do altar, com as mãos apoiadas sobre os joelhos da Santíssima Virgem"

Nossa Senhora das Graças
"Ali se passou o mais doce momento de minha vida"
Catarina prossegue sua narração descrevendo o momento mais intenso de sua vida humilde de Filha de Caridade. Sob a orientação de seu anjo de guarda, que se apresenta na forma de um menino vestido de branco, a jovem religiosa se depara frente a frente com a Mãe de Jesus:
"Ouvi então um ruído, como um frufru de vestido de seda, que vinha do lado da tribuna, junto ao quadro de São José, e que pousava sobre os degraus do altar, do lado do Evangelho, sobre uma cadeira semelhante à de Sant'Ana...
"Então, olhando para a Santíssima Virgem, dei um salto para junto dEla, pus-me de joelhos sobre os degraus do altar, com as mãos apoiadas sobre os joelhos da Santíssima Virgem.
"Ali se passou o mais doce momento de minha vida. Não me seria possível dizer tudo o que senti. Ela me disse como eu devia me conduzir em relação ao meu diretor espiritual, e várias coisas que não devo dizer; a maneira de me conduzir em meus sofrimentos; vir lançar-me ao pé do altar (e me mostrava com a mão esquerda o pé do altar) e ali abrir o meu coração. Ali receberia todas as consolações de que tivesse necessidade. Então eu lhe perguntei o que significavam todas as coisas que eu tinha visto, e Ela me explicou tudo".
Esse maravilhoso encontro com o Céu prolongou-se por cerca de uma hora e meia.

"Dizei tudo com simplicidade e confiança, não temais"

Santa Catarina Labouré
Catarina nunca revelou a ninguém que era ela a mensageira que Maria Santíssima escolhera para revelar ao mundo a devoção da Medalha Milagrosa
Num manuscrito posterior, Catarina foi mais explícita e revelou algo mais do que ouviu da Santíssima Virgem sobre a missão que Deus lhe confiava e sobre as dificuldades que encontraria para cumpri-la. Recomendou ainda para que contasse tudo ao seu confessor, orientando-se como devia se portar com relação a ele: (1)
“Minha filha, o bom Deus quer encarregar-vos de uma missão. Tereis muito que sofrer, mas superareis esse sofrimentos pensando que o fareis para a glória de Deus. (...) Sereis contraditada. Mas tereis a graça, Não temais. Dizei tudo [a vosso confessor] com confiança e simplicidade. Tende confiança, não temais”.
Realmente, Catarina revelaria um heroísmo incomum. Desde 1831, quando fora transferida para a Rue du Bac, para o Asilo Enghien, no bairro parisiense de Reuilly, prosseguiria oculta e apagada em seus afazeres, cuidando dos pobres, como uma freira comum. Nunca revelou a ninguém, nem deu a entender que era ela a mensageira que Maria Santíssima escolhera para revelar ao mundo a devoção da Medalha Milagrosa.

"O trono será novamente derrubado"

Carlos X
Carlos X, rei de França (Versalhes, 9 de outubro de 1757 - Gorizia, 6 de novembro de 1836)
Confirmando a visão sobrenatural que Catarina tivera de Jesus que Se apresentava como Rei sendo destronado, a Mãe do Verbo profetizou:
“Os tempos serão maus. Os males virão precipitar-se sobre a França. O trono será derrubado. O mundo inteiro será transformado por males de toda a ordem. (A Santíssima Virgem tinha um ar muito triste ao dizer isso). Mas vinde ao pé deste altar. Aqui as graças serão derramadas sobre todas as pessoas, grandes e pequenas, que as pedirem com confiança e fervor”.
Essa revelação sobre a queda do trono da França, considerada a nação filha primogênita da Igreja, deixa claro que o fim da "cidade de Deus", no dizer de Agostinho abriria caminho para a "cidade do Homem", com sua cultura de morte, desencadeadora de eventos cruciantes nos anos que se seguiriam.
De fato, o espírito revolucionário dessa época exerceu grande influência na formação do que atualmente se denomina "civilização pós-cristã".

Solicitudes maternais com relação a comunidade religiosa de Catarina

Catarina Labouré
A Mãe do Verbo revelou Seus cuidados maternais, para com as duas comunidades fundadas por São Vicente de Paulo
Prevendo a gravidade desses tempos, a Mãe do Verbo revela Seus cuidados maternais, fazendo recomendações sobre a comunidade das Filhas da Caridade, a que pertencia Catarina, e dos Sacerdotes da Congregação da Missão (Lazaristas), também fundados por São Vicente de Paulo:
"Minha filha, eu gosto de derramar graças sobre a comunidade em particular. Eu gosto muito dela, felizmente. Sofro, porém, porque há grandes abusos em matéria de regularidade. As Regras não são observadas. Há grande relaxamento nas duas comunidades. Dizei-o àquele que está encarregado de vós, ainda que ele não seja o superior. Ele será encarregado de uma maneira particular da comunidade. Ele deve fazer tudo o que lhe for possível para repor a regra em vigor. Dizei-lhe, de minha parte, que vigie sobre as más leituras, as perdas de tempo e as visitas".
Tais solicitudes maternais de Maria Santíssima para com as congregações religiosas são comuns na história da Igreja ao longo desses dois milênios. (Cf. 17.- MENSAGEM DE MARIA SANTÍSSIMA EM QUITO, EQUADOR, (1594) e também 59.- MENSAGENS DE MARIA SANTÍSSIMA EM LAUS, FRANÇA (1664)).

"Este convento terá a proteção de Deus"

Nossa Senhora das Graças
Essa aparição de Maria Santíssima foi reconhecida pela Igreja Católica sob a invocação de Nossa Senhora das Graças
Prometendo Sua incessante proteção, a Virgem prosseguiu:
"Conhecereis minha visita de e a proteção de Deus, e a de São Vicente, sobre as duas comunidades. Tende confiança! Não percais a coragem. Eu estarei convosco. Mas não será assim com outras comunidades".
E realmente não foi.
Os acirrados ataques anticlericais motivados pelos falsos ideais da Revolução Francesa e do comunismo nascente culminariam em terríveis conflitos.
No entanto, no momento dessa mensagem, tudo parecia calmo e ninguém poderia imaginar o que se seguiria num futuro próximo.
O sopro anárquico e libertário novamente se difundiria pelo tempo e pela história, a partir de então, até a Revolução de maio de 1968 na Sorbonne, Paris.

"A cruz será tratada com desprezo, eles a derrubarão por terra e a calcarão aos pés"

Darboy
O arcebispo de Paris, dom Georges Darboy, (1813 - 1871), mais tarde tornou-se acirrado inimigo da mensagem de La Salette
Antevendo em 40 anos os terríveis acontecimentos que viriam com as agitações da Comuna e o assassinato do Arcebispo de Paris, Maria Santíssima promete Sua especial proteção aos filhos e às filhas de S. Vicente de Paulo.
Expressando infinita tristeza, a Mãe do Verbo profetiza claramente os horrores
"Haverá vítimas (ao dizer isto, a Santíssima Virgem tinha lágrimas nos olhos). Para o Clero de Paris, haverá vítimas: Monsenhor, o Arcebispo (a esta palavra, lágrimas de novo) morrerá.
"Minha filha, a Cruz será desprezada e derrubada por terra. O sangue correrá. Abrir-se-á de novo o lado de Nosso Senhor. As ruas estarão cheias de sangue. Monsenhor, o Arcebispo, será despojado de suas vestes (aqui a Santíssima Virgem não podia mais falar; o sofrimento estava estampado em seu rosto).
A Santíssima Virgem estava referindo-Se ao arcebispo dom Georges Darboy, que mais tarde se oporia à mensagem de La Salette e ao próprio papa.
Realmente o bispo Darboy caiu vítima da fúria maçônica da Comuna. A caminho do muro de fuzilamento, ele protesta, alegando que sempre defendera a liberdade. Ao que um dos verdugos lhe responde: “Cala-te! A tua liberdade não é a nossa!” Tal foi o triste fim do arcebispo de Paris, naquele 24 de maio de 1871. (2) (Cf. 27.- O APOCALIPSE DE LA SALETTE: “O CORAÇÃO DAS MENSAGENS DE MARIA” (1846) ).

"Minha filha, o mundo todo estará na tristeza"

Capela
A intervenção de Maria ocorrida na Rue du Bac está intrinsecamente ligada às outras intervenções mariais ocorridas no desenrolar desse período
Prometendo graças especiais à Sua escolhida, e recomendando-lhe sobre a necessidade da oração, com grande pesar, a Mãe do Verbo despede-Se deixando claro que uma grande desolação espiritual se abateria sobre o mundo a partir de então:
"Minha filha, me dizia Ela, o mundo todo estará na tristeza. A estas palavras, pensei quando isso se daria. E compreendi muito bem: quarenta anos".
Como veremos em nosso estudo, a aparição de Maria Santíssima à Catarina Labouré, ocorrida na Rue du Bac, estará intrinsecamente ligada às outras intervenções mariais ocorridas no desenrolar desse período que engendraria o que hoje temos a desdita de conhecer sob a denominação de "civilização pós-cristã".
(Cf. 27.- O APOCALIPSE DE LA SALETTE: “O CORAÇÃO DAS MENSAGENS DE MARIA” (1846), 41.- MENSAGEM DE MARIA SANTÍSSIMA EM LOURDES, FRANÇA (1858), 32.-Citações interessantes sobre o terceiro segredo de Fátima).

Maria Santíssima intervém e reaviva a Fé nos momentos críticos em que a civilização cristã se encontra ameaçada

Renascença
A Revolução Francesa já principiara muito antes, com uma lenta e gradual preparação dos espíritos. Se remontarmos às suas causas mais remotas e profundas, iremos até a decadência da Idade Média, quando uma explosão de orgulho e sensualidade produziu, numa primeira fase, a chamada Renascença, e mais adiante a Pseudo-Reforma de Lutero, o qual preparou o terreno para, em fins do século XVIII, eclodir a Revolução Francesa
Sobre o contexto histórico desse período, citamos Armando Alexandre dos Santos. "As sucessivas transformações políticas na França do século XIX foram determinadas, em última análise, por uma filosofia revolucionária profundamente anticatólica. Costuma-se situar a tomada da Bastilha, ocorrida em 14 de julho de 1789, o início da Revolução Francesa, que tanta e tão má inflência haveria de desempenhar até os nossos dias".
"Na realidade, prossegue o autor, a Revolução Francesa já principiara muito antes, com uma lenta e gradual preparação dos espíritos. Se remontarmos às suas causas mais remotas e profundas, iremos até a decadência da Idade Média, quando uma explosão de orgulho e sensualidade produziu, numa primeira fase, a chamada Renascença, e mais adiante a Pseudo-Reforma de Lutero, o qual preparou o terreno para, em fins do século XVIII, eclodir a Revolução Francesa. Se quisermos seguir o curso da História depois disso, chegaremos ao comunismo e, ultimamente, a novas formas ainda mais requintadas do mesmo espírito revolucionário: o hippismo, o neo-tribalismo ecologista, etc".
De fato, tudo isso é historia. E aqui chamamos atenção para o fato de que os embriões desse espírito revolucionário, determinantemente anticlerical e mesmo anticristão, foram gestados à sombra das sociedades secretas. E, a partir delas, sutilmente, tornou-se o estopim incitador das massas através de suas doutrinas, filosofias e hábeis propagandas de mobilização de opinião, que resultaram na alteração de valores e padrões comportamentais milenarmente consolidados sobre o cristianismo. (Cf. 18.- Alguns atuais vestígios da nociva influência das sociedades secretas).
Portanto, Maria Santíssima intervém e reaviva a Fé nos momentos críticos, em que a civilização cristã se encontra ameaçada e dissociada de seus reais valores, fragilizada pelas imposturas do governo oculto. (Cf. 22.- Estranhas conexões).

Graças especiais serão concedidas a todos que as pedirem, mas é preciso rezar

Nossa Senhora das Graças
Em 27 de novembro de 1830, Maria Santíssima apresenta-Se à Catarina flutuando envolta em gloriosa luz dourada
Em 27 de novembro de 1830, quatro meses depois da primeira aparição, mais uma vez Maria Santíssima, agora flutuando envolta em gloriosa luz dourada, apresenta-Se à Catarina.
A própria vidente relata:
“Vi a Santíssima Virgem à altura do quadro de São José. A Santíssima Virgem, de estatura média, estava de pé, vestida de branco, com um vestido de seda branco-aurora (...) com um véu branco que Lhe cobria a cabeça e descia de cada lado até em baixo. Sob o véu, vi os cabelos lisos repartidos ao meio e por cima uma renda de mais ou menos três centímetros de altura, sem franzido, isto é, apoiada ligeiramente sobre os cabelos. O rosto bastante descoberto, bem descoberto mesmo, os pés apoiados sobre uma esfera, quer dizer, uma metade de esfera (...) tendo uma esfera de ouro, nas mãos, que representava o globo. Ela tinha as mãos elevadas à altura do cinto de uma maneira muito natural, os olhos elevados para o Céu (...) seu rosto era magnificamente belo. Eu não saberia descrevê-lo (...) E depois, de repente, percebi anéis nos dedos, revestidos de pedras, mais belas umas que as outras, umas maiores e outras menores, que despendiam raios mais belos uns que os outros. Partiam das pedras maiores os mais belos raios, sempre alargando para baixo, o que enchia toda a parte de baixo. Eu não via mais os seus pés (...) Nesse momento em que estava a contemplá-La, a Santíssima Virgem baixou os olhos, olhando-me. Uma voz se fez ouvir, e me disse estas palavras:
"—A esfera que vedes representa o mundo inteiro, particularmente a França (...) e cada pessoa em particular (...)
"Aqui eu não sei exprimir o que senti e o que vi: a beleza e o fulgor, os raios tão belos (...)
"É o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que pedem, fazendo-me compreender quanto era agradável rezar à Santíssima Virgem e quanto Ela era generosa para com as pessoas que rezam a Ela, quantas graças concedia às pessoas que rezam a Ela, que alegria Ela sente concedendo-as (...)"

"As graças serão abundantes para as pessoas que usarem a Medalha com confiança"

Medalha milagrosa
Apenas em 1895, foram concedidos à Medalha Milagrosa missa e ofício próprios dentro da liturgia católica romana
Nesse momento, em torno da Santíssima Virgem, forma-se o quadro vivo que seria cunhado na singela devoção da Medalha Milagrosa.
"Formou-se um quadro em torno da Santíssima Virgem, um pouco oval, onde havia, no alto, estas palavras: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós, escritas em letras de ouro. A inscrição, em semicírculo, começava à altura da mão direita, passava por cima da cabeça e acaba na altura da mão esquerda (...)
"Então uma voz se fez ouvir, e me disse: Fazei, fazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que as usarem com confiança...".
"Nesse instante, pareceu-me que o quadro se virava e vi o reverso da medalha: um grande M encimado por uma barra e uma cruz; abaixo do M estavam os corações de Jesus e Maria, um coroado de espinhos, o outro traspassado por uma espada.”

"Esses raios são o símbolo das graças que derramo sobre os que as pedem"

Convento na Rue Du Bac
Convento na Rue Du Bac, Paris, local da primeira aparição da Virgem
Não sei explicar o que senti ao ouvir isso, o que vi, a beleza e o fulgor dos raios deslumbrantes.
'Eles [os raios] são o símbolo das graças que derramo sobre os que as pedem. As pedras que não emitem raios são as graças que as almas se esquecem de pedir.'
A esfera dourada desapareceu no brilho dos feixes de luz que irrompiam de todos os lados; as mãos voltaram-se para fora e os braços inclinaram-se sob o peso dos tesouros de graças obtidas.

Conversões e curas milagrosas

Princesa Isabel e seu neto D. Pedro II
A Princesa Isabel, grande devota da Medalha Milagrosa. Nesta foto com seu neto e sucessor, D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança
Dois anos depois, as Irmãs de Caridade da ordem de Catarina começaram a dar a medalha aos doentes e pobres de quem cuidavam. Imediatamente entendeu-se que a origem da medalha era santa.
Em breve, alguns pacientes relatavam conversões e curas milagrosas.
A partir de então, a medalha passou a ser conhecida não apenas em Paris, mas em todo o mundo, como a Medalha Milagrosa. Até os dias de hoje, curas e conversões semelhantes continuam a ocorrer.
Algumas conversões chamavam atenção, como a do jovem banqueiro judeu, Alphonse Charles Tobias Ratisbonne, aparentado com a riquíssima família Rotschild. Em viagem a Roma, sem esconder sua antipatia pela Fé Católica, converteu-se subitamente na Igreja de Santo André delle Fratte.

Uma espetacular conversão que comoveu toda a aristocracia européia e teve repercussão mundial

Alphonse Charles Tobias Ratisbonne
Alphonse Charles Tobias Ratisbonne, judeu que se converteu ao Cristianismo por intervenção da Maria Santíssima
Segundo a imprensa da época noticiou com grande surpresa e admiração, Alphonse afirmou corajosamente que a Virgem Santíssima havia lhe aparecido com as mesmas características da medalha milagrosa. "Ela nada disse, mas eu compreendi tudo", afirmou.
Naquele mesmo ano Alphonse Ratisbonne, logo após ter sido agraciado com a visita da Mãe do Verbo, rompeu um promissor noivado e se tornou noviço jesuíta. Mais tarde se ordenou sacerdote e prestou relevantes serviços à Santa Igreja, sob o nome de Padre Afonso Maria Ratisbonne.
Soube-se que quatro dias antes de sua feliz conversão, o jovem israelita aceitara, por bravata, a imposição de seu amigo, o Barão de Bussières: prometera rezar todo dia um "Lembrai-vos" (conhecida oração composta por São Bernardo) e levar ao pescoço uma Medalha Milagrosa. E ele a trazia consigo quando Nossa Senhora lhe apareceu.
Essa espetacular conversão comoveu toda a aristocracia européia e teve repercussão mundial, tornando ainda mais conhecida, procurada e venerada a Medalha Milagrosa. (3)

Em 1876, ano da morte de Catarina, mais de 1 bilhão de medalhas havia se espalhado pelo mundo para o providencial reavivamento da Fé cristã

Nossa Senhora das Graças
Catarina Labouré distribuindo a medalha milagrosa para soldados da Comuna, em 1871
De acordo com as fontes mais antigas, apesar de todo ceticismo e resistência de seu confessor por aquelas experiências místicas, é interessante o fato de que a própria Virgem tenha solicitado a Catarina que se cunhasse uma medalha com Sua imagem e com os dizeres por Ela apresentados na visão.
De fato, Pe. Aladel, seu diretor espiritual, somente sentiu-se encorajado após contar ao Arcebispo de Paris, Mons. de Quélen as visões de Catarina, ocultando-lhe o nome da vidente.
O Arcebispo, diferentemente da atitude cética de Aladel, imediatamente soube reconhecer a intervenção celestial e aprovou a iniciativa, incentivando a confecção da medalha. Finalmente, o Papa Gregório XVI recebeu um lote de medalhas, e passou a distribui-las a pessoas que o visitavam, embora sem saber quem era a freira privilegiada que recebia as visitas da Mãe da Igreja.
Registros oficialmente aceitos mencionam que os primeiros inquéritos sobre a autenticidade da aparição só se realizaram em 1836, mas a circulação da medalha foi aprovada em 1832. Em 1836, dois milhões de medalhas haviam se espalhado pelo mundo para o providencial reavivamento da fé cristã numa época tão conturbada e revolucionária.
Em 1876. ano da morte de Catarina, mais de 1 bilhão de medalhas já circulavam pelos cinco continentes, e os registros de milagres chegavam de todos os lados: Estados Unidos, Polônia, China, Etiópia.

O instrumento de Maria Santíssima, uma humilde cozinheira do asilo Enghien

Santa Catarina Labouré
Em obediência à espiritualidade de São Vicente de Paulo, Catarina viveu o Evangelho santamente, legando-nos uma bela devoção à Maria Santíssima
Ao longo de sua vida, toda passada no cuidado de crianças, pessoas idosas e doentes, Catarina provou ser uma amável companheira de suas irmãs e uma excelente guardiã dos necessitados. Viveu com excelência a espiritualidade de seu pai espiritual, S. Vicente de Paulo, agindo sempre como uma verdadeira Filha da Caridade.
Jamais revelou a qualquer pessoa as suas visões, salvo ao seu Confessor e, no final de sua vida, à sua Superiora, sempre por ordem da própria Imaculada.
Após a última aparição Catarina foi imediatamente designada para ser cozinheira no asilo de Enghien, na cidade de Reully.
O pesquisador Swann lembra que, com essa ocupação humilde, o instrumento de Maria Santíssima viveu no asilo os 46 anos seguintes, guardando silêncio voluntário sobre aqueles seus contatos com o Céu. (4)
No último dia do ano de 1876, Catarina entregou sua puríssima alma a Deus. Seu corpo foi sepultado em 3 de janeiro de 1877. Ao ser exumado em 1933, mostrou-se incorrupto, conservado íntegro e flexível.
"O médico que procedeu à exumação, vendo o corpo tão flexível, teve a idéia de levantar as pálpebras de Santa Catarina, e recuou imediatamente, estarrecido pelo pródígio: não apenas as pálpebras se abriram sem dificuldade, mas os olhos azuis que haviam contemplado Maria Santíssima conservavam-se límpidos e belos". (5)
Em 1894, a Igreja instituiu, a 27 de novembro, a festa litúrgica de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, com Missa e Ofício próprios.
O processo de beatificação de Catarina, introduzido em 1907, foi concluído em 28 de maio de 1933. Da Basílica Vaticana, Pio XII solenemente declarou-a Bem-Aventurada. Catorze anos depois, em 27 de julho de 1947, Pio XII canonizou-a.
Catarina Laboure
Em 1933, o corpo de Catarina, que havia muito tempo sepultado, foi exumado e o exame médico considerou-o em perfeito estado de conservação, com os olhos ainda azuis (sabe-se que depois da morte os olhos sempre escurecem e se decompõem rapidamente). O corpo de Catarina foi trasladado para capela do convento da rue du Bac, onde, durante algum tempo, pôde ser visto através de um vidro protetor. Atualmente, o corpo está sob o altar construído no lugar da primeira aparição da Virgem Santíssima na capela do convento. Em média, recebe mais de mil visitantes por dia, maravilhados e cheios de veneração
_________
Fontes de consulta:
1 -               SANTOS, Armando Alexandre dos. A verdadeira história da Medalha Milagrosa. Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. 1998.
2 -               CESCA, Olivo. A Profetiza dos tempos finais. p. 22. Editora Myrian, 1998.
3 -               DIAS, João Clá.  A Medalha Milagrosa. História e celestiais promessas. http://www.joaocladias.org.br/livros.asp
acesso em 12/01/2009.
(Cf. Mémorial des Apparitions de la Vierge dans l’Église, Fr. H. Maréchal, O. P., Éditions du Cerf, Paris, 1957.
L’itinéraire de la Vierge Marie, Pierre Molaine, Éditions Corrêa, Paris, 1953.
Vie authentique de Catherine Labouré, René Laurentin, Desclée De Brouwer, Paris, 1980.
Catherine Labouré, sa vie, ses apparitions, son message racontée a tous, René Laurentin, Desclée De Brouwer, 1981.)
4 -               SWANN. op. cit. pp. 81-82. (Cf. ENGLEBERT, Omer. Catherine Labouré and the modern apparitions of Our Lady. New York, P. J. Kennedy & Sons, 1958; LAURENTIN, René. Catherine Labouré. Paris, Desclée de Brower, 1981).
5 -                SANTOS. op. cit. pp. 38-39.
Links externos:

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Algumas fotos do 12 e 13 de Outubro no Santuário de Fátima


















# 12 e 13 ottobre: L’Arcivescovo di Mosca presiede a... # October 12/13 : Archbishop of Moscow presides over... # 12 et 13 octobre 2011: Archevêque de Moscou présid... # 12 y 13 de Octubre de 2011: Arzobispo de Moscú pre... # 2011.10.13 Homilia de D. Paolo Pezzi, arcebispo d... # D. Paolo Pezzi, arcebispo de Moscovo, Federação Ru...

 http://02varvara.files.wordpress.com/2008/02/paolo-pezzi.jpg?w=400&h=600


L’Arcivescovo di Mosca, Federazione Russa, presiede il pellegrinaggio anniversario nei giorni 12 e 13 ottobre 2011. Il tema del pellegrinaggio sarà “Eccomi, Signore”.
Mons. Paolo Pezzi  afferma nell’intervista: «L´invito a concludere il pellegrinaggio annuale al Santuario di Fatima mi ha trovato grato perché in questo invito ho percepito una possibilità di riscoprire per me e per la nostra chiesa in Russia la chiamata alla conversione per il bene del mondo».

 
«La devozione alla Madonna di Fatima è viva all`interno della comunità cattolica (in Russia)», riferisce l’Arcivescovo di Mosca

October 12/13 : Archbishop of Moscow presides over the Anniversary Pilgrimage . “The devotion to Our Lady of Fatima is alive inside the Catholic community”, the Archbishop says

http://www.tempi.it/sites/default/files/imagecache/home_view_category/article-image/400px-Paolopezzi.jpg
The Archbishop of Moscow, Russian Federation, presides over the Anniversary Pilgrimage of October 12/13. The theme of the pilgrimage will be: “Here I am, Lord!”
Archbishop Paolo Pezzi, in short declarations from Moscow to the Shrine of Fatima, speaks of his trip to Fatima as if it were a discovery: “The invitation to take part in the annual pilgrimage of October to the Shrine of Fatima made me feel very grateful, because this invitation made me realize that I may be able to discover for myself and for our Church in Russia the call to conversion for the good of the world”.

http://www.santuario-fatima.pt/portal/index.php?id=45799
 
“The devotion to Our Lady of Fatima is alive inside the Catholic community”, the Archbishop says

2011-09-23

12 et 13 octobre 2011: Archevêque de Moscou préside le pèlerinage anniversaire à Fátima . La dévotion à la Vierge de Fatima est vivante au sein de la communauté catholique », dit l`archevêque de Moscou.

 http://www.catholicnewsagency.com/images/3_29_2010_Russians.jpg

L’archevêque de Moscou, de la Fédération Russe, préside le pèlerinage anniversaire d’octobre 2011, les 12 et 13. Le thème du pèlerinage c’est : « Seigneur, me voici ».
« L´invitation à participer au pèlerinage annuel d’octobre m´a laissé reconnaissant, parce que j´ai compris dans cette invitation une occasion de découvrir par moi-même et par notre église de la Russie l’appel à la conversion pour le bien du monde », a affirmé Mgr Paolo Pezzi, dans une interview.
Source:http://www.santuario-fatima.pt/portal/index.php?id=45799
 
« La dévotion à la Vierge de Fatima est vivante au sein de la communauté catholique », dit l`archevêque de Moscou.          

12 y 13 de Octubre de 2011: Arzobispo de Moscú preside la peregrinación aniversaria.

Mgr Paolo Pezzi : Photo CNS /Yuri Mashkov, ITAR-TASS
 «La devoción a Nuestra Señora de Fátima está viva en el interior de la comunidad católica», se refiere el Arzobispo de Moscú.
2011-09-23


En breves declaraciones a la Sala de Prensa del Santuario de Fátima desde Moscú, D. Paolo Pezzi habla de este su viaje a Fátima como un descubrimiento.
“La invitación para participar en la peregrinación anual de octubre al Santuario de Fátima me dejó agradecido, porque percibí en esta invitación una posibilidad de descubrir por mi mismo y por nuestra iglesia en Rusia la invitación a la conversión para el bien del mundo”, afirmó.
D. Paolo Pezzi destaca aún la pertinencia del mensaje de Fátima, como una propuesta accesible para el mundo.
“El mensaje es interesante en la medida en que hay alguien que lo vive, que lo encarna en su vida. Por eso se vuelve tan actual, porque no es un mensaje ideológico que tal vez se contraponga a otro mensaje ideológico, si no una propuesta interesante, accesible al otro a través de mi experiencia”, considera.
El Arzobispo de Moscú revela que hablará a los peregrinos de su experiencia personal sobre “la necesidad de conversión y la gratitud por la Iglesia, el Templo del encuentro de Dios con el hombre que se vuelve deseable a la conversión”.
Hasta el inicio de la mañana del día 22 de hoy (23 de septiembre), 90 grupos de peregrinos, de 21 países, anunciaron, en la Servicio de Peregrinos (SEPE) del Santuario, la intención de participar en la peregrinación. Italia y Alemania son los países más representados, con 26 y 9 grupos inscritos, respectivamente.

El Arzobispo de Moscú vendrá a Fátima acompañado de un grupo de 40 peregrinos procedentes de Moscú y de San Petesburgo.
“La devoción a Nuestra Señora de Fátima  está viva en el interior de la comunidad católica. Para los rusos es mas familiar la devoción a Nuestra Señora a través de los iconos que caracterizaron la historia de nuestro país y que muestran la proximidad de Nuestra Señora a la vida del pueblo, a las dificultades que se viven”, destaca D. Paolo Pezzi.
 

http://www.santuario-fatima.pt/portal/index.php?id=45800

2011.10.13 Homilia de D. Paolo Pezzi, arcebispo de Moscovo na Peregrinação ao Santuário de Fátima a13 de Outubro 2011

 http://www.tracce.it/img/news/21604.jpg
 http://www.cctommasoreggio.org/wp-content/uploads/image/mons_pezzi.jpg

Excelência reverendíssima Dom António [Augusto dos Santos] Marto, bispo de Leiria-Fatima!
Excelências reverendíssimas!
Caros irmãos no sacerdócio!
Caros irmãos e irmãs!
Na primeira leitura de hoje, ouvimos novamente a narração da vocação de Samuel, o grande vidente de Israel, chamado por Deus para vigiar sobre a delicada passagem do povo de Deus a um novo período da sua história: a época dos grandes Reis. O trecho que ouvimos inicia com uma nota de tristeza, de profunda saudade: “O Senhor, naquele tempo – escreve o autor sagrado – falava raras vezes”. Isto significa, na linguagem bíblica, que havia falta de profetas, porque a profecia era a maneira habitual com que Deus continuava a falar ao seu povo: pela voz dos profetas, o Senhor permanecia uma Presença Viva, capaz de intervir e dialogar  com o seu povo sobre os acontecimentos presentes, concretos, da vida do povo. Graças aos profetas a Aliança com Deus não se reduzia à observância da Lei  que Deus tinha entregue a Moisés no Sinai.  Não, Deus não se tinha afastado de Israel, deixando-o a cumprir uma série de preceitos: Ele permanecia presente, continuava a interessar-se pelo seu povo, e precisamente através da voz dos profetas, através das imagens e dos tons das suas palavras, Deus fazia sentir a Israel quanto era real e sério o seu interesse pelo povo da Aliança.
Eis a razão pela qual a ausência  dos profetas era para Israel um sinal de extravio. Será que Deus se esqueceu de nós? Há de facto momentos na história nos quais se pode ter a impressão que Deus se esqueceu do homem. Momentos em que Deus “fica em silêncio”, e a sua voz parece ausente ou abafada por outras. Devemos constatar que é verdade: há momentos na história nos quais o Senhor, por assim dizer, fica em silêncio. Mas isto não significa que se esqueça do homem! Na realidade, também o silêncio de Deus é uma palavra. Melhor – come dizia Inácio de Antioquia  - mesmo os mistérios mais “retumbantes” Deus pronunciou-os no silêncio: a Conceição Virginal, a Incarnação, a Ressurreição … as palavras mais sonoras pronunciou-as no silêncio. E assim, do mesmo modo, também na nossa vida, também na nossa história o silêncio de Deus é sempre carregado de Logos, de palavra, isto é, de significado.
Mas qual? Antes de mais, já o entrevimos meditando sobre a tristeza que transparece das palavras do autor sagrado. Por que se cala Iavé? Porque não foi Ele mas sim o seu povo que esqueceu-se dele. E assim,  precisamente afastando-se, Iavé educa Israel a perceber quanto precisa do Senhor, quanto o povo se vai abaixo se com o coração se afasta dele. Eis então que com o seu silêncio o Senhor nos fala, antes de mais, porque nos faz tomar consciência da necessidade que temos dele. A tristeza, o vazio que toma posse do coração de quem está longe de ti, ó Senhor, é precisamente a primeira palavra com a qual Tu nos chamas, como escreveu de maneira insuperável Agostinho: Fizestes-nos para Ti, ó Deus, e o nosso coração está inquieto enquanto não encontra em Ti a verdadeira paz”.
Mas aquela expressão  - “O Senhor, naquele tempo, falava raras vezes” – além de nos falar da inapagável saudade de Deus que habita no coração do homem, sugere-nos também quanto é importante na nossa vida, mesmo nos momentos em que Deus parece ficar em silêncio, a recordação, a memória das palavras que Deus já nos disse. E deste modo, precisamente no silencio descobrimos antes de mais o valor daquela palavra que nunca falha,  aquela palavra silenciosa que Ele nos dirige em cada instante, com o próprio facto de nos criar a partir do nada, com o próprio facto de nos renovar  no nosso ser em cada instante. Sim, é paradoxalmente no silêncio, quando Deus nos deixa sem outras palavras, que podemos ouvir esta palavra que Ele sussurra nas raízes mais profundas do nosso ser, mas que geralmente não ouvimos, distraídos por causa de muitas outras palavras que parecem mais autênticas e importantes.
E em seguida, depois deste acto de memória, que podemos chamar primordial, existe a memória de todas as outras palavras que Deus nos disse, a memória de toda a história, cheia de acontecimentos, pessoas, rostos, através dos quais o Senhor falou à nossa vida.
A lembrança de Deus! Se nós não cultivamos a recordação de Deus, a memória das palavras que Deus nos disse e continua a dizer no concreto da nossa vida quotidiana, o nosso ser, sem nos apercebermos,  enfraquece, atrofia-se, perde o próprio rosto: porque toda a força  e a certeza do homem está na memória da Aliança com o Deus fiel.
O trecho da Carta de Tiago que ouvimos leva-nos a dar mais um passo: se a escuta da palavra, o dar em nós o espaço para a escuta é a primeira e fundamental tarefa, é necessário também que a palavra de Deus, uma vez ouvida, seja praticada. Na realidade entre escutar e  praticar, entre fé e obras, não há nenhuma oposição nas palavras de São Tiago. Antes, existe uma continuidade: a memória de Cristo – porque Cristo é a Palavra “resumida”, a Palavra em que todas as palavras de Deus se resumem – a memória de Cristo, vivida com fidelidade, torna-se de facto irresistivelmente fermento de mudança da nossa personalidade, impulso para uma nova vida. Um impulso tão irresistível que – como nota São Tiago – só um voluntário e deliberado esquecimento, só a recusa da própria lembrança nos faz parar no processo de mudança. Como um homem que depois de se olhar ao espelho e de ter visto quem é, e de imediato se esquece inexplicavelmente do próprio rosto, assim nos acontece a nós. A razão pela qual a nossa vida parece não se transformar é mesmo esta: a estranha falta de memória, o esquecimento do nosso verdadeiro rosto, que descobrimos só quando olhamos aquele espelho verdadeiro que é o rosto do Senhor,  e nos vemos reflectidos no seu olhar, que nos revela a nós mesmos. Quanto mais eu vivo a memória, a recordação de quem sou aos olhos do Senhor, tanto mais a minha vida se transforma, ao passo que o esquecimento deixa cair a força de lutar, de construir, e leva, enfim, a perder o gosto de viver.
De facto, não é por acaso que todo o poder totalitário – e a nossa história recente o demonstra tragicamente -  teve como fim principal precisamente este: o de remover no povo a memória, a recordação viva da própria história, e especialmente quanto desta história está ligada à dimensão religiosa. Pois é na memória da ligação ao Absoluto, ao Mistério de Deus, que reside  ultimamente a raiz da liberdade dos homens em relação a qualquer poder mundano, e por isso mesmo é esta ligação que o poder deste mundo tem interesse em cortar arrancando-o das consciências. O que o poder deste mundo odeia é mesmo a religiosidade, ou seja, a vida vivida como relação com o Mistério de Deus, como resposta ao Mistério de Deus, Senhor da história.
Para voltarmos  ao acontecimento  de Samuel, que ouvimos na primeira leitura, poderíamos dizer: é a vida vivida como religiosidade que é vocação, isto é, resposta a Deus que chama.
Deus chama-nos: chama-nos à existência dando-nos a vida, e depois chama-nos a servi-lo para colaborar na realização do seu desígno sobre a História. Esta é a verdadeira essência da vida: responder a Deus que nos chama: “Falai, Senhor, que o vosso servo escuta”; “Eis-me aqui, sou a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra” (cfr. Lc 1,38), dirá Maria ao Anjo; e nestas palavras está contido tudo aquilo que é essencial para tornar uma vida realizada, cheia de graça, bem-aventurada: “Salve, ó cheia de graça”, diz de facto o Anjo a Maria. E Ela mesma, na visita a Isabel dirá: “… chamar-me-ão bem-aventurada todas as gerações…” (cfr. Lc 1,28.48).
E nós, hoje, vindo aqui em peregrinação estamos a confirmar uma vez mais que a profecia de Maria é verdadeira. Nós hoje damos o nosso contributo para testemunhar que aquela profecia continua a ser verdadeira: chamar-te-ão bem aventurada.
Nós te agradecemos, ó Virgem, porque voltando para Ti os nossos olhos, nós hoje contemplamos uma vez mais, com admiração e encanto, o essencial para que também a nossa vida se realize: não recusar ao Senhor que chama, o nosso fiat, o nosso sim total.
A este coração do mistério de Maria nos apelam as palavras de Jesus que ouvimos no Evangelho: quem cumpre a vontade de Deus, quem “acolhe e guarda no seu coração” (cfr. Lc 2,19.51) a Palavra de Deus, esse torna-se íntimo do Senhor. Fazendo nossa, acolhendo a vontade de Deus, entramos na intimidade da relação com Deus ou, como diz Tiago, encontramos a felicidade, a realização da nossa vida em caminho.
De  Nossa Senhora nós aprendemos isto. Aprendemos a viver a vida como pertença a Deus, ao Mistério Vivo de Deus.
Perguntemo-nos agora: como é que Maria viveu esta pertença a Deus? Os Evangelhos não nos contam os detalhes. Mas alguma coisa podemos dizer com certeza: Nossa Senhora viveu a própria pertença a Deus no concreto das tarefas quotidianas que tinha para fazer. Nas pequenas ou menos pequenas decisões que tinha para tomar: isto era, para Nossa Senhora, pertencer  a Deus de modo concreto. E isto para nós significa: o pertencer da nossa vida a Deus tem que se desenvolver  nas circunstâncias quotidianas: no trabalho, no estudo, em tudo o que fazemos, quer o que queremos, quer o que temos para fazer, na fatiga e na alegria.
Se, seguindo Maria, vivermos a memória vigilante, activa, do facto de  a nossa vida ser chamada por Deus e que em cada coisa que nos é dado viver estamos a responder a Deus: quando formamos uma família, quando vamos para o trabalho, quando enfrentamos alguma coisa no nosso dia, quando respondemos ao apelo à virgindade, quando entramos no seminário, no mosteiro…, então apercebemo-nos  que é mesmo respondendo ao chamamento que Deus nos faz que cumprimos o nosso desejo de vida, bem além das nossas previsões, percebemos que nos tornamos fecundos, que estamos também nós entre aqueles que edificam o povo de Deus, que somos também nós mães, irmãs e irmãos de Jesus. E que nobreza e gosto de vida sentiremos na nossa existência!
“Os cristãos – disse o Papa Bento XVI na homilia da última Missa Crismal - deveriam tornar visível ao mundo o Deus vivo, testemunhá-Lo e levar até Ele. Somos nós verdadeiramente o santuário de Deus no mundo e para o mundo? Abrimos aos homens o acesso a Deus ou, pelo contrário, escondemo-lo? Porventura nós, povo de Deus, não nos tornamos em grande parte um povo marcado pela incredulidade e pelo afastamento de Deus? Porventura não é verdade que o Ocidente, os países centrais do cristianismo se mostram cansados da sua fé e, enfastiados da sua própria história e cultura, já não querem conhecer a fé em Jesus Cristo? Neste momento, temos motivos para bradar a Deus: «Não permitais que nos tornemos um “não povo”! Fazei que Vos reconheçamos de novo! Fazei que a força do vosso Espírito se torne novamente eficaz em nós, para darmos com alegria testemunho da vossa mensagem!».
Mas, apesar de toda a vergonha pelos nossos erros, não devemos esquecer que existem hoje também exemplos luminosos de fé; pessoas que, pela sua fé e o seu amor, dão esperança ao mundo”.
E o Papa recordou então o Beato João Paulo II, o “grande testemunha de Deus e de Jesus Cristo no nosso tempo, como homem cheio do Espírito Santo” (cfr Bento XVI, Homilia na Missa Crismal 22-04-2011). Em João Paulo II, tão ligado a Nossa Senhora, - Totus Tuus – tivemos um testemunho vivo de um “sim” total e livre à vontade de Deus. O “sim” de João Paulo II é no mundo contemporâneo o eco do “sim” de Nossa Senhora.
Antes de concluirmos, voltemos por um instante àquele momento, ao mistério daquele momento no qual Maria pronunciou o seu “sim”, o seu fiat. O que aconteceu naqueles poucos instantes? No mistério daquele momento, Nossa Senhora teve que intuir que se tratava de um verdadeiro anúncio de Deus. Que através do Anjo era verdadeiramente Deus a falar-lhe. A perturbação de que Lucas nos fala diz-nos que, de certo, nem tudo devia ser claro para Maria. Mas esta intuição foi clara. Assim acontece também em nós. De facto, nenhum de nós é cristão, senão porque de algum modo, por graça, intuiu que Cristo é verdadeiro, a Igreja é verdadeira, o mistério cristão é verdadeiro. Todos tivemos esta intuição.
Então, onde está a grandeza de Nossa Senhora? Na sua simplicidade: Ela disse: “Sim”, e basta. Nós, ao contrário, precisamos sempre de algo diferente. Somos mais complicados. Como se diante da evidência, do poder dos sinais que Deus nos dá para nos ajudar a pronunciar o nosso “sim”, nós encontrássemos sempre razões para sermos cépticos. Maria também podia encontrar razões para ser céptica. Pensemo-la por um instante, permaneceu sozinha em casa, depois  de o Anjo se retirar de junto dela: sozinha diante daquela promessa inaudita que tinha há pouco recebido. Poderia ter dito: “Talvez seja uma ilusão!
E se fosse uma ilusão?” Quantas vezes, diante de umas primeiras dificuldades, dizemos: “não foi verdade, foi uma ilusão!”. Maria está sozinha, também ela tem as suas dificuldades, mas é decidida e fiel. A sua é uma simplicidade cheia de muita força porque permanece fiel, porque se apoia na fidelidade de Deus. Deus é fiel. Até Abraão vacilou, Moisés  tremeu. Maria ao contrario é firme, mesmo na solidão. Maria é uma fortaleza, grande e simples.
Também Bernadette em Lourdes, Lúcia e os Pastorihttp://www.blogger.com/post-create.g?blogID=1968402998113362056nhos aqui em Fátima experimentaram a mesma solidão, mas foram sustentados pela mesma certeza, foram fiéis. 
Peçamos a Nossa Senhora que nos sustente como os sustentou a eles.
Peçamos-lhe que nos ajude na peregrinação, na nossa decisão de caminhar atrás de seu Filho. Peçamos-lhe que nos faça permanecer na lembrança de seu Filho, aquela memória que nela foi dimensão de cada respiro, alma de cada instante. 
Ámen.
D. Paolo Pezzi, arcebispo de Moscovo

http://www.santuario-fatima.pt/portal/index.php?id=45809

D. Paolo Pezzi, arcebispo de Moscovo, Federação Russa em Fátima : Peçamos a Nossa Senhora a graça da conversão ao Seu Filho, peçamos-lhe que converta o nosso olhar a Cristo, que nos atraia uma vez mais para Ele, verdadeira Beleza; peçamos-lhe que nos aproxime sempre mais dele para habitarmos constantemente nele, verdadeiro templo, lugar de toda a paz, conforto, criatividade para a nossa vida e para homens nossos irmãos.

Presidente: D. Paolo Pezzi, arcebispo de Moscovo, Federação Russa
Peregrinação Internacional de Outubro


 2011.10.12 homilia – Peregrinação ao Santuário de Fátima

(1Rs 8,22-23.27-30; Eb 10,5-7; Jo 2,13-22)

Excelência reverendíssima Dom António [Augusto dos Santos] Marto,
bispo de Leiria-Fatima!
[Excelências reverendíssimas!]
Caros irmãos no sacerdócio!
Caros irmãos e irmãs!
A primeira leitura da liturgia de hoje, festa da Dedicação da Basílica do Santuário de Fátima põe em evidência o encanto repleto de gratidão de Salomão. Ele está encantado e grato  porque Deus veio habitar no meio do Seu povo, porque está presente e age na vida do rei Salomão e do seu povo. Deus cumpriu a promessa que tinha feito a David, seu pai: a promessa de construir um templo, um lugar que seja sinal permanente da presença constante de Deus connosco. O Salmo 132 exprime o mesmo encanto, acrescentando um pormenor comovente: “o Senhor edificou uma morada e nesta morada encontra repouso”. Sim, apenas quando o Senhor encontra finalmente um lugar onde habitar no meio de nós, só então encontra repouso! Pois desde sempre Ele deseja habitar connosco!
Ao mesmo tempo, o templo de Salomão não é o lugar do definitivo repouso de Deus. É mais uma etapa. O Senhor não encontra o seu verdadeiro, definitivo repouso em templos de pedra. O templo de Salomão, de facto, seria destruído e depois reedificado por duas vezes, quase a dizer a inexorável, triste fragilidade de tudo aquilo que o homem constrói com a arte das próprias mãos, mesmo quando a sua finalidade é a glória de Deus. O poder deste mundo, de facto, odeia tudo aquilo que dá glória a Deus, que chama novamente os homens à sua presença. E odeia, por isso, sempre a beleza do templo, que desta Presença é o sinal visível.
Sim, caros amigos, não precisamos de voltar a Nabucodonosor para ter esta confirmação amarga. Também a nossa história recente é marcada pela dolorosa destruição dos templos de pedra, das igrejas. Quantas igrejas foram destruídas na Rússia no século passado, tornando invisível a humanidade nova que nasce da fé, com o único objectivo  de eliminar aquela beleza que com a sua presença atrai os homens para Deus! E quantas devem ser ainda reconstruídas!
De certa forma, a própria história de Israel, tão marcada  pela oscilação entre destruições e reconstruções, é uma história que continua na história do Israel de Deus até ao fim dos tempos.
Ao mesmo tempo, porém, aconteceu algo de novo. Deus encontrou finalmente o repouso, pois construiu-se um templo que não pode ser destruído, um templo «não construído por mãos humanas», um templo que não é de pedra. E este templo indestrutível em que Deus habita é o corpo de Cristo Ressuscitado: Ele mesmo, morto e Ressuscitado, é o templo definitivo, destruído e reedificado para sempre, e deste templo, pela graça, como pedras vivas, tomamos parte também nós. A nossa comunhão em Cristo é então o verdadeiro lugar no qual Deus repousa.  
É o que Jesus sugere no diálogo com a mulher Samaritana. «‘Os nossos pais adoraram a Deus neste monte’, disse a Samaritana a Jesus , ‘vós dizeis que o lugar onde se deve adorar está em Jerusalém’. Jesus declarou-lhe: ‘Mulher, acredita em mim: chegou a hora em que, nem neste monte, nem em Jerusalém, haveis de adorar o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. Mas chega a hora - e é já - em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são assim os adoradores que o Pai pretende. Deus é espírito; por isso, os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade’»  (cfr. Jo 4,20-24).
Em espírito e verdade. Mas o que significa “adorar em verdade”? O mesmo Jesus responde no capítulo 14 do mesmo evangelho: “Eu sou a verdade!”, “Eu sou a morada do Espírito!”. Adorar a Deus na verdade significa adorar a Deus permanecendo em Cristo, o homem novo, o Adão celeste, Aquele que em tudo cumpre a vontade do Pai. Cristo é o Templo da definitiva presença de Deus entre os homens.
Mas então todo o nosso ser deve transformar-se num movimento, cheio de gratidão e encanto, para com ele, para com o Senhor Jesus. A alegria de Salomão ao contemplar a beleza do templo torna-se agora em nós a alegria e a admiração com a beleza de Cristo. O desejo do Salmista de subir ao templo para aí contemplar o rosto de Deus alcança em nós uma desconcertante  concretização: torna-se procura de um rosto humano, torna-se saudade de um Rosto humano no qual se vê o Pai: Jesus.
Já não é o templo de pedra mas a presença do Senhor Jesus que é a fonte da nossa gratidão e do nosso encanto. A intimidade com Ele é o caminho para o Pai, a fonte onde bebemos do Espírito no qual conhecemos, adoramos e oramos ao Pai: “Escuta a súplica do teu servo e do teu povo, Israel, quando aqui rezarem. Ouve-os do alto da tua morada, no céu; ouve-os e perdoa!”  (cfr. 1 Re 8,30).
Sim, o próprio Cristo é o lugar donde se eleva a nossa oração: permanecendo nele, no seu Corpo Vivo, abrimo-nos à verdadeira adoração de Deus Trindade, como canta Santa Catarina: “Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó mar profundo! Que mais poderias dar-me do que a ti mesmo? Tu és de novo o fogo que faz desaparecer toda a frieza e iluminas as mentes com a tua luz, com aquela luz com que me fizeste conhecer a verdade” (cfr. S. Catarina da Sena, Diálogo sobre a Divina Providência, 167).
Sim, caros irmãos e irmãs! Quando na nossa vida quotidiana se elimina a adoração, permeada de gratidão e encanto, à Santíssima Trindade, então logo enfraquecem o sentido e o gosto da vida. 
Temos por isso sempre a necessidade de ouvir novamente a viva voz de Cristo para sermos renovados.
Diz Dionísio, o Areopagita: “Quem nos poderá falar do amor ao homem próprio de Cristo, transbordante de paz?”  Quem poderá dar alegria e força aos nossos dias, quem poderá dar conforto na dor que acompanha inevitavelmente a vida? Pois a vida, como diz um grande poeta, em partes iguais de alegrias e sofrimentos é feita. A Voz que faz ressoar o Verbo sempre de novo e em modo novo, a Luz que nos mostra Cristo Vivo e Presente agora, é o próprio Espírito Santo, que é Deus. O Espírito pelo qual o Pai ressuscitou Jesus Cristo dos mortos é o mesmo Espírito que nos faz reconhecer Cristo presente e vivo na fé.
Assim como o Corpo de Cristo é o templo que não pode ser destruído, o dom do Espírito não pode ser detido. Não existe força deste mundo que possa limitar o poder do Espírito. Por isso toda a nossa tarefa, a nossa maior responsabilidade, é a de identificar cada vez mais o nosso respiro com o grito: “Vem, Senhor”, “Vem, Santo Espírito”, como diz a oração do peregrino russo. Assim poderemos chegar a repetir, timidamente mas com sinceridade como nossas, as palavras de São Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. E a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (cfr. Gl. 2,20).
Sem o dom do Espírito, o homem nada pode fazer, tudo se esvazia, tudo se torna mentira, tudo se torna triste. Por meio do Espírito, pelo contrário, nós entramos sempre mais no íntimo do coração de Cristo, e assim acolhemos em nós a mesma Comunhão trinitária, conforme a promessa de Jesus aos discípulos: “Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos morada” (cfr Jo 14,23).
Caros irmãos e irmãs! O homem de hoje espera, talvez inconscientemente, a experiência do encontro com pessoas para as quais Cristo é uma realidade tão presente que mudou a vida deles.
Peçamos a Nossa Senhora a graça da conversão ao Seu Filho, peçamos-lhe que converta o nosso olhar a Cristo, que nos atraia uma vez mais para Ele, verdadeira Beleza; peçamos-lhe que nos aproxime sempre mais dele para habitarmos constantemente nele, verdadeiro templo, lugar de toda a paz, conforto, criatividade para a nossa vida e para homens nossos irmãos.
Obra prima da Santíssima Trindade, entre todas as criaturas, é a Virgem Maria: no seu coração humilde e cheio de fé, Deus preparou para si uma digna morada para realizar o mistério da salvação. O Amor divino encontrou nela adesão perfeita e no seu seio o Filho de Deus fez-se homem. Com confiança filial dirijamo-nos a Maria, para que, com a sua ajuda, possamos progredir no amor e fazer da nossa vida um canto de louvor ao Pai por meio do Filho no Espírito Santo.
Fazemo-lo com uma antiga fórmula de oração da tradição da Igreja, que bem exprime o nosso desejo de sermos uma só realidade com seu Filho: Veni Sancte Spiritus, Veni per Mariam.
D. Paolo Pezzi, arcebispo de Moscovo

http://www.santuario-fatima.pt/portal/index.php?id=45806