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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Hoje é o dia de Nossa Senhora das dores (Sete dores de Nossa Senhora), VIII - CONCLUSÃO Após a consideração minunciosa das dores da angusta Virgem e das disposições que animaram a doce co-redentora, que nos resta ainda a dizer?

Nota:  Hoje é o dia de Nossa Senhora das dores (Sete dores de Nossa Senhora), transcrevi o piedoso capítulo escrito pelo Pe. Júlio Maria sobre este tema. Confira os demais posts aqui: As dores de Maria

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AS DORES DE MARIA
VIII - CONCLUSÃO


Após a consideração minunciosa das dores da angusta Virgem e das disposições que animaram a doce co-redentora, que nos resta ainda a dizer? Nada mais do que recolhermos estes raios esparsos e reunir todas estas dores num foco imenso, escrevendo nele a palavra "amor".

O amor é, de fato, o princípio, a base e coroação de todo este drama doloroso, como ele é a fonte e o princípio da bondade e da misericórdia da divina Mãe.

Por que Maria é tão poderosa e tão cheia de ternura para conosco?

- Porque Ela nos ama.

Por que Maria é tão transbordante de misericórdia para com os pobres pecadores?

- Porque Ela os ama.

Por que a divina Mãe consetiu entregar o Seu Filho aos algozes e à colera dos malfeitores, e condenou-Se a sofrer com Ele e por Ele?

- Por que Ela ama os homens e quer salvá-los.

Depois de cada dor de Maria, como depois de cada sofrimento de Jesus, pode-se exclamar: "Sic dilexit mundum. - É porque amaram o mundo".

A salvação do mundo! - Eis, com efeito, o termo de tudo.

Deus quis salvar o mundo, e quis salvá-lo pelo sofrimento. E, não contente de sofrer só, Ele associou Sua própria Mãe, à Sua obra redentora.

Podia Ele dar-nos uma prova maior do Seu amor?...

- Sofrer por outrem é sublime!

Mas fazer sofrer, para salvar um inimigo, àqueles que amamos mais terna, mais apaixonadamente, é divino!

E eis o que nosso Salvador não hesitou em fazer. Fixando-o o Seu olhar sobre esta criatura pura e ideal, que Ele amava mais do que todas as outras criaturas reunidas, Ele ousou dizer:

Ó minha Mãe, minha Bem-Amada, Minha privilegiada, eis a humanidade perdida, eu poderia salvá-la por uma simples palavra; mas quero que ela saiba que eu a amo, e, para mostrar-lho, morrerei por ela. E não o bastante!

Para mostrar-lhe toda a intensidade e toda a extensão de Meu amor, vou sacrificar aquela que mais amo depois de Minha divindade - Minha Mãe!

Vai, pois, ó Virgem benigna; que a dor te triture como uma vítima! Que as angústias te estreitem como um círculo de ferro! Vai, sofre, imola-Te comigo... vive e morre para a humanidade, e que, por este sinal, ela compreenda o amor que lhe tenho, pois permito que a Minha própria Mãe seja vítima para a sua salvação.

E foi visto tão grande espetáculo! - Uma Mãe imolando o Seu Filho e imolando-Se a Si mesma para a salvação dos Seus algozes.

"Deste modo, diz São Bernardo, Maria vive e não vive, morre e não pode morrer. Ela vive, porém morrendo; morre, mas conservando a vida; Ela morre e não pode morrer; tem uma vida mais penosa do que a morte".

Eis o que nos representa o Calvário. Eis como Maria se torna a nossa Mãe, e por que preço Ela adquire este título que devia proporcionar-Lhe tão pouca consolação. Ela deu à luz os pecadores entre angústias e dores. É preciso que o Seu título de Mãe dos homens Lhe custe o Filho. Ela não pode ser Mãe dos cristãos senão com a condição de dar à morte o seu Filho único.

Que dolorosa fecundidade!

Recordo-me aqui de São Paulino de Nola, que, falando de sua parenta, Santa Melânia, a quem de numerosa família nada mais restava que uma criancinha, traça a Sua dor por estas palavras:

"Ela estava com esta criança, sobrevivente infeliz de uma grande ruína, que, bem longe de a consolar, aguçava as suas dores, e parecia que lhe fora deixada para fazê-la lembrar-se do seu luto, antes que para reparar a sua perda".

Não vos parece que estas palavras foram ditas para representar as dores da divina Mãe?

"Mulher, diz Jesus, eis aí o vosso filho".

"Esta palavra, diz Bossuet, num arroubo de gênio, esta palavra mata-A e fecunda-A. Ela tira das Suas entranhas, com a espada e gládio, estes novos filhos, e entreabe-se o Seu coração com uma violência incrível, para aí entrar este amor de Mãe, que Ela deve ter a todos os fiéis.

Ó filhos de Maria, filhos de sangue e de dor, continua o eloquente prelado, podeis ouvir sem lágrimas nos olhos os males que causais à Vossa Mãe? Podeis esquecer os gemidos, entre os quais Ela vos deu à luz?

Gemitus matris tuae ne obliviscaris. - Não esqueças os gemidos de tua mãe.

Lembra-te dos lamentos de Maria, lembra-te das dores cruéis com que dilaceraste o Seu coração no Calvário; deixa-te comover pelos gemidos de uma Mãe. Ó pecador, qual é o teu pensamento?

Queres elevar uma outra cruz, para nela pregar Jesus Cristo?

Queres fazer com que Maria veja o Seu Filho crucificado ainda uma vez?

Queres coroar a Sua cabeça com espinhos, calcar aos pés, ante os Seus olhos, o Seu sangue do novo Testamento e, por um tão horrível espetáculo, reabrir ainda todas as feridas do Seu amor materno?

Praza a Deus que não sejamos tão desnaturados!
Deixemo-nos comover pelos gemidos de uma Mãe.

Meus filhos, diz ela, até agora nada tenho sofrido, tenho como nada todas as dores que Me afligiram na cruz. O golpe que me dais  por causa dos vossos pecados, eis o que me fere. Vejo morrer o Meu Filho querido, mas, como Ele sofre pelo vossa salvação, consenti em imolá-lO, eu mesma; deixai que eu traga este amargor com alegria.

Meus filhos, crede no Meu amor. Parece-me não ter sentido este martírio, quando o comparo às dores que me causa a vossa impenitência. Mas, quando vos vejo sacrificar as vossas almas ao furor de Satanás, quando vos vejo a perder o sangue de Meu Filho, tornando inútil a Sua graça, é então que me sinto mais vivamente tocada.

Eis, meus filhos, o que trespassa o coração; é isto que me arranca as entranhas".

(Bossuet: Sermão sobre a compaixão da santa Virgem)

O ódio ao pecado e o desejo de reparar as nossas faltas, por uma vida pura e cheia de amor, eis, de fato, qual deve ser a conclusão do estudo das dores de Maria.

Amar é tornar-se semelhante, tanto quanto possível, ao objeto de nossas afeições.

Maria é a pureza, é o amor!... Como Ela, sejamos puros, amemos e consolemos as Suas dores pela nossa fidelidade em corresponder à graça, para que as Suas lágrimas não se tornem inúteis, mas façam germinar em nossas almas uma seara de virtudes, um desabrochar de santidade!

(Por que amo Maria, pelo Pe. Júlio Maria)
 
fonte:agrande guerra

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