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domingo, 9 de maio de 2010

Madre Virgínia Brites da Paixão ,Mensageira do Imaculado Coração de Maria

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Mensageira do Imaculado Coração de Maria

«Eu te elejo hoje por discípula caríssima do meu Imaculado Coração como o foi Margarida Maria do Coração do meu  divino Jesus, a fim de desagravares com o teu amor este meu Imaculado Coração dos ultrajes e seres o canal por onde chegue até aos representantes do meu Filho Santíssimo na Terra, os desejos ardentíssimos do Seu e meu Puríssimo Coração com que continuamente me ofendem os meus filhos pecadores, me faças deles bem conhecido e amado, revelando-lhes os tesouros de graças com que esta Mãe bondosa os deseja enriquecer.»
Palavras de Nossa Senhora a Madre Virgínia a 15 de Agosto de 1913, dia da Festa de Nossa Senhora do Monte.
         
          Em 1913 foi comunicado a Madre Virgínia, pelo próprio Jesus Cristo e por Nossa Senhora, que ela seria a mensageira do Imaculado Coração de Maria.
          No texto que se segue apresentamos uma retrospectiva histórica desta devoção na Ilha da Madeira, que teve a sua génese através da Serva de Deus Madre Virgínia Brites da Paixão:
Devoção ao Imaculado Coração de Maria
Culto universal teve origem na Madeira
 
No passado domingo, 9 de Setembro, realizou-se com toda a pompa e circunstância, no sítio da Fajã do Penedo, na freguesia da Boaventura, a solenidade do Imaculado Coração de Maria, na igreja com a mesma invocação. O pequeno templo, apinhado de fiéis, encontrava-se profusamente decorado com inúmeros arranjos florais. O coro que acompanhou a missa solene, interpretando vários hinos religiosos, teve um desempenho magnífico. Após a cerimónia litúrgica seguiu-se a habitual procissão. No presente texto iremos historiar a génese e desenvolvimento do culto ao Imaculado Coração de Maria na nossa ilha, fazendo referência à Madre Virgínia como principal impulsionadora, e terminando com a alusão à importância histórica da igreja supra citada.
A Madre Virgínia Brites da Paixão era a superiora do Convento das Mercês aquando do turbilhão da implantação da República em Portugal, em 1910. Uma das primeiras ordens deste movimento arreigadamente anti-clerical foi o encerramento compulsivo dos poucos mosteiros e conventos ainda existentes no país. Esta religiosa clarissa viveu 34 anos em clausura, mas de repente viu-se apartada das suas companheiras, e regressou à casa dos pais, no Lombo dos Aguiares, em Santo António. O mosteiro foi demolido pouco tempo depois, não restando pedra sobre pedra. No entanto, Deus tinha uma missão para esta verdadeira alma mística que já vivia o Céu na Terra. Fruto da sua intensa vivência espiritual, era favorecida com inúmeras visões celestes, tendo uma singular familiaridade com Jesus e Nossa Senhora, que lhe deram a conhecer a incumbência especial que tinham reservado para ela, isto é, que seria o arauto do Imaculado Coração de Maria, tal como Margarida Maria o fora para o Sagrado Coração de Jesus.
Segundo se lê no livro Apontamento Biográfico, da autoria do Pe. João
Prudêncio da Costa, tudo teve início numa visão ocorrida a 16 de Abril de 1913, dia em que, por sinal, a Madre Virgínia renovara os seus votos sagrados na igreja de Santo António. Apresentamos seguidamente um breve excerto dessa primeira revelação de Jesus: «Minha filha, o meu divino Coração tem um ardente desejo que o Coração da minha puríssima Mãe seja conhecido, amado e desagravado com um culto público, assim como é honrado e reparado o meu divino Coração. Desejo, com uma sede ardente, que se espalhe e estabeleça esta terna devoção entre os homens, para que, por este único meio, eles alcancem misericórdia de Deus, meu Pai, de tantos crimes e atentados que nos últimos tempos se têm cometido contra Maria Imaculada.» Esta e outras comunicações do Filho de Deus foram registadas posteriormente pelo punho da Madre Virgínia e entregues ao seu confessor, o Pe. Prudêncio, e ao Bispo de então, D. António Manuel Pereira Ribeiro.
O Pe. João Prudêncio da Costa, à altura Cura da igreja de Santo António, o templo frequentado pela Madre Virgínia, foi o primeiro a pôr em prática as instruções celestes no que concerne ao culto público ao Imaculado Coração de Maria. Na sua igreja foi iniciada a prática dos primeiros sábados de cada mês como dias especiais dedicados ao culto mariano (a primeira vez que tal ocorreu foi a 1 de Novembro de 1913), foi estabelecida em 1916 a Confraria do Imaculado Coração de Maria, cujos membros usavam o escapulário branco do mesmo Coração Imaculado, e deu-se início à angariação de fundos para a construção de um templo votivo ao Imaculado Coração de Maria.
A primeira festa do Imaculado Coração de Maria realizou-se em Santo António em Agosto de 1915. Eis o que nos diz sobre a mesma Otília Fontoura, osc, autora do livro Madre Virgínia, uma vida de amor: «O zelo das discípulas e a prática dos primeiros sábados criaram na paróquia um ambiente de piedade e de abertura ao culto do Imaculado Coração de Maria. Assim, no último domingo do mês de Agosto do ano de 1915, primeiro domingo depois da oitava da Assunção da Santíssima Virgem, dia indicado pelo Coração de Jesus, toda a freguesia de Santo António esteve em festa, prestando culto público e solene ao Imaculado Coração. Esta solenidade começou pela missa cantada. Ao Evangelho, o orador falou das glórias e privilégios do Coração de Maria, do amor ardente de que está abrasado pelos seus filhos e, também, do esquecimento e injúrias que deles recebe. O pregador, com muito entusiasmo, convidou todos os presentes a corresponderem ao amor carinhoso de tão santa Mãe. Depois da Eucaristia, ficou exposto o Santíssimo Sacramento, ficando o sacerdote com os fiéis, durante uma hora, diante de Jesus, em adoração, amor e reparação ao seu divino Coração e, simultaneamente, em amor e reparação ao Coração de sua Santíssima Mãe. Esta solenidade encerrou com uma belíssima procissão, percorrendo a veneranda imagem do Coração de Maria as principais ruas da paróquia de Santo António.»
Mas para que este culto fosse universal tinha que ter a aprovação de Roma. Neste sentido, seguindo um pedido de Jesus, a Madre Virgínia escreveu ao Papa Bento XV, a 2 de Julho de 1915, informando-o das suas revelações e exortando-o, entre outras coisas, a construir um templo dedicado ao Imaculado Coração de Maria. A mensagem divina tocou o seu coração e ele adquiriu um terreno para a sua construção. No entanto, o mesmo só viria a ser construído no pontificado de Pio XII, sendo que mais tarde João XXIII atribuir-lhe-ia a dignidade de basílica.
Na Madeira espalhou-se rapidamente a devoção e culto ao Imaculado Coração de Maria e a Diocese do Funchal foi-lhe consagrada a 26 de Agosto de 1928, ainda em vida da Madre Virgínia, sendo renovada a 28 de Maio de 1933, no Terreiro da Luta, junto à estátua de Nossa Senhora da Paz, perante uma enorme multidão de fiéis. Talvez seja por essa razão que se convencionou dizer que “a Madeira é um cantinho do Céu”. De facto, Nossa Senhora chegou a dizer a esta clarissa que a ilha era “a penha dos seus imaculados pés”.
Ao viver os últimos anos da sua vida exilada do seu querido mosteiro, a Madre Virgínia granjeou grande respeito e admiração por parte de muitos madeirenses. Contava igualmente com um grande número de pessoas amigas, que lhe davam todo o apoio de que necessitasse. Maria Margarida dos Anjos Ribeiro, oriunda da Fajã do Penedo, na Boaventura, era uma delas, e amiúdes vezes ia ao Lombos dos Aguiares para conversar com a sua amiga religiosa. Possuindo vários terrenos na sua terra natal, decidiu-se pela doação de um deles, junto à sua casa, para a construção de uma capela dedicada ao Imaculado Coração de Maria, tendo as obras começado em 1918, segundo se lê no livro Deixas para a História de Boaventura, do Pe. Silvério Aníbal de Matos. Para a sua construção foram feitos vários peditórios e muitos homens trabalharam de graça. Concluídas as obras, a capela foi solenemente benzida por D. António Manuel Pereira Ribeiro, a 23 de Agosto de 1919. Foi o primeiro templo dedicado ao Imaculado Coração de Maria construído na Madeira e no mundo. Devido ao aumento da população e à crescente fama da sua festa, a capela foi aumentada vinte e dois anos depois, sendo a parte primitiva mantida como capela-mor. A 1 de Janeiro de 1961 foi criada a paróquia da Fajã do Penedo. Fruto das inúmeras graças alcançadas pelos fiéis através da intercessão do Imaculado Coração de Maria, a pequena imagem que se venera naquela igreja está repleta de cordões de ouro generosamente oferecidos a Nossa Senhora, em reconhecido agradecimento.
O processo de beatificação da Madre Virgínia Brites da Paixão teve início no final de Dezembro do ano passado, conforme já referimos anteriormente neste jornal, e neste momento ultima-se toda a documentação existente sobre a “santa freirinha” para enviar para Roma para análise da Congregação para a Causa dos Santos.

http://sites.google.com/site/madrevirginiabritesdapaixao/Home

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